Remember Me, quase um filme de Luc Besson

Nilin Cartier-Wells, a protagonista, por Aleksi Briclot.

Um jogo antigo - aliás, um dos primeiros que zerei no XBox 360 - mas uma concept art tão espetacular que jamais saiu das minhas retinas: Remember Me (DontNod/Capcom, 2013) é, do visual punk underground futurista à trilha sonora maravilhosa, quase um filme de Luc Besson!


"Neo Paris", Paul Chadeisson.

Resumo e Opinião

Inicialmente conhecido como "Adrift", Remember Me é um jogo que inicialmente frustrou muito o público gamer por uma série de motivos. Muitos alegam a impossibilidade de interagir com os NPCs "coadjuvantes", outros, de que a história foi excessivamente linear e pouco explorada.
Porém, apesar de concordar que a história de fato ter sido excessivamente linear, eu compreendo suas razões: preservar a lógica do roteiro de Alain Damasio e Stéphane Beauverger, que trazia um conceito até então nunca abordado - a possibilidade de se mixar e alterar memórias com o uso da tecnologia - e mantê-lo coeso e impecável. Aliás, para bom entendedor, termos como Nilin, Bad Request, Not Found 404 e Greenteeth formam uma curiosa mescla com nossa própria realidade.

Eu de fato me apaixonei pelo jogo pelo conjunto da obra: sua trilha sonora, seus cenários e sua visão de futuro, embora sombria em diversos aspectos, me cativaram imediatamente.

"Slum Concept Art", Michel Koch.

Concept Art

No mais, as críticas ao jogo em si terminam por aqui. Artisticamente, o jogo é um misto da concept art de Blade Runner com O 5º Elemento e Aeon Flux - porém, sem o visual pesado e retrô. A mistura da estética hi-tech vibrante das classes sociais altas da sociedade de uma Neo Paris de 2048 contrastando violentamente com o cyberpunk da sujeira miserável das favelas circunvizinhas - entre elas a Favela Not Found 404 -  foi magistralmente conduzida pelos artistas conceituais Paul Chadeisson, Michel Koch e Aleksi Briclot

"404 Not Found", Paul Chadeisson.

O trio de artistas, franceses, conhecem o passado daquelas ruas e souberam traduzir em sua arte seu futuro provável, unindo novo e antigo, diante de uma luta social ao mesmo tempo encarniçada e invisível. Os cenários são de uma riqueza de detalhes singular. Reproduzir a sujeira e a decadência nunca foi um trabalho simples, visto que até mesmo para se criar o caos exige-se a ordem.

Um dos vários cenários de Paul Chaidesson.

Doravante, a crítica feroz ao capitalismo é explícito. Mesmo em meio à miséria e ao esquecimento, em meio ao vício e suas mazelas, há o apelo gigantesco ao consumo em letras gigantescas e brilhantes. Compre, seja, possua! -  de forma silenciosa e intermitente, esses gigantescos tapumes da realidade ditam as regras à periferia, porém sem permitir que ela deixe de ser a resignada latrina dos ricos neoparisienses.


Indico fortemente este jogo, tanto pela beleza e pela sensibilidade da obra, quanto pela reflexão que ela oferece. Confira mais do trabalho desse incrível trio de artistas clicando sobre os nomes deles. ☺

Fonte (referência): http://conceptartworld.com


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